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O que fazer quando as crianças recusam os alimentos?

Quando a criança é muito seletiva, será que é só uma fase ou um alerta muito importante sobre a saúde da tua criança?

Compras 4kg de bananas por semana, o almoço e o jantar é massa e o lanche pão e bolachas… para além de ser uma alimentação vazia e muito limitada, já não há paciência para fazer sempre a mesma coisa.

Nada de verduras e vegetais, porque são bilhac. E nas frutas a banana é a rainha!

Porque é que as crianças são seletivas na alimentação?

Quando em bebé se inicia a introdução alimentar, a criança recusa alguns alimentos e, normalmente, o que come é desfeito, em papa ou sopa, não conseguindo assim distinguir muitos sabores.

E, perante essa recusa, nós, mães, temos apenas um pensamento, a criança tem que comer alguma coisa. Certo?

Então começamos por dar alimentos mais doces e mais apelativos ao palato. Alimentos que vão alimentar as bactérias patogénicas do nosso microbioma.

Como assim, alimentar bactérias e microbioma?

São os bicharocos que habitam a flora intestinal do corpo da criança, em vez dos saudáveis que aí deveriam estar, e que são oportunistas e causam a doença.

Temos aproximadamente 90% de neurónios no intestino e, por isso, ele dita grande parte dos pensamentos. Neste caso, que existem essas bactérias nocivas, o que elas vão pedir são os alimentos que as continuam a nutrir para não morrerem e continuarem a causar doença.

A criança apenas tem “fome” de bolachas, de massas, das chamadas papas, pois a sua vontade de comer, os seus pensamentos sobre fome, vêm desses habitantes da sua flora intestinal.

As bactérias são alimentadas, fortalecem-se e vão causando cada vez a doença.

Alimentamos, assim, o ciclo de doença da criança. Desde doenças físicas até questões neuro divergentes, doenças mentais, problemas de desenvolvimento, mesmo, e, consequentemente, uma redução na sua imunidade.

Outra questão que alimenta esta seletividade da criança é o seu hábito e a resistência. A criança está habituada a uns certos alimentos, com umas certas texturas, cores, sabores, aparece um alimento novo, estranho, então ela resiste.

E isto é uma questão de sobrevivência. Se nos aparece uma coisa muito diferente tu, enquanto adulto, também vais resistir.

Imagina, então, a criança, que é um ser mais frágil e sente que não pode errar muito, senão pode não sobreviver. Isto porque, não teve tantas experiências assim em que sobreviveu, em comparação com um adulto.

E quando a criança resiste o que acontece? Aparecem alimentos alternativos, e assim ela aprende que se resistir dão-lhe alternativas mais próximas do que está habituada.

Então e quais são as consequências deste comportamento?

A criança resiste, oferece-se outras coisas e a criança vai continuar a resistir e cada vez mais e com mais poder, porque ela vai crescer, as bactérias vão alimentando e crescendo, também.

Depois, a criança começa a mostrar várias intolerâncias e alergias e com a idade vão sendo cada vez mais e a mais alimentos. Até que um dia ela fica intolerante a causa todos os alimentos, porque o seu intestino está doente, inflamado e não tolera nenhum alimento.

Este desequilibro na flora intestinal provoca várias doenças. As mais habituais são:

  • Doenças do intestino;
  • Doenças respiratórias;
  • Problemas nos dentes e na boca;
  • Doenças como diarreias, obstipações e infeções urinárias;
  • Pouca atenção;
  • Fraco desempenho escolar;
  • Problemas de concentração;
  • Problemas de desenvolvimento.

Trocar um alimento que provoca resistência por outro que ela coma, não é assim que fazemos nutrir a criança nem permitir que se alimente de forma conveniente.

A criança come alimento vazios sem qualquer valor nutricional, podendo acabar desnutrida e com um intestino e um organismo completamente inflamado.

Estamos cada vez mais próximos, em Portugal, de uma dieta americanizada e afastarmo-nos das comidinhas das nossas avós, realizadas com pouquíssimo poder económico, mas com um valor nutricional abundante.

Sabemos, hoje em dia, que esta dieta, feita desde pequeno, que os jovens americanos lidam com infertilidade, obesidade, doenças autoimunes, autismo, déficit de atenção, cancro. E isto já dos seus pais, e vão passar aos seus filhos, porque o nosso microbioma é passado aos nossos filhos.

Em Portugal já contamos com um número muito alto destes casos. Podemos ter uma ideia de onde vamos parar, caso continuemos a alimentar as nossas crianças desta forma.

Por isso, não não só as crianças que devem consumir uma alimentação nutritiva, nós também. Temos que reaprender a fazer muito do pouco, mas com nutrição à séria.

Antes mesmo que querer que o nosso filho vá para a escola e seja exemplar na escola, para a faculdade e tenha uma profissão, temos que ensinar as nossas crianças o que é viver com saúde, a alimentarem-se bem, a saberem como se nutrir.

A alimentação é o combustível dos pensamentos e tem que chegar ao cérebro. Se continuamos a alimentar com um mau combustível, são nutridas as doenças, como o autismo, o deficit de atenção, e todas as outras, e a adoecer e a desnutrir o organismo, o microbioma e toda a imunidade guerreira.

Por outro lado, as crianças já nascem com uma imunidade baixa. É normal crianças com dois meses terem bronquiolites, e outras doenças. Não é aceitável que isto aconteça.

Não podemos continuar a deixar que isto aconteça às nossas crianças, que um dia serão adultos doentes!

Qual é a variedade de alimentos que uma criança deve comer diariamente?

Primeiro será de ter em conta a cultura alimentar da família. Se consome ou não alguns alimentos.

Aqui ninguém vai criticar ou apontar ou dizer o que deves ou não ser. Apenas informar o que é saudável para que o teu intestino, o teu microbioma seja saudável e funcione com saúde. Tu depois escolhes de acordo com a tua cultura familiar:

  • Carne, peixe e ovos, diariamente. E as crianças não comem peixe, carne ou ovos, têm que ter uma alimentação muito equilibrada para irem buscar estes nutrientes aos outros alimentos, porque são essenciais;
  • 300 a 400g de vegetais por dia, com um bom equilíbrio entre os que são cozinhados e os que são crus;
  • Alimentos fermentados, que são super importantes, porque existem alguns nutrientes que o nosso organismo só consegue ir buscar aos alimentos que são fermentados;
  • Frutas frescas;
  • Mariscos;
  • Leguminosas;
  • Os laticínios, podem ser introduzidos quando se percebe que a criança já não tem intolerância aos alimentos.

E que alimentos devemos evitar?

Alimentos vazios de densidade nutricional, massas, bolos, bolachas, papas… Podes ver pelos rótulos que nutrientes têm. Praticamente nenhuns! Têm hidratos de carbono, uma proteína e pouco mais. É muito pouco para nutrir e apenas enchem a barriga da criança, dando-lhe uma saciedade temporária, não abrindo espaço à fome real, mas apenas a uma vontade de ir comendo sempre o mesmo, sem densidade nenhuma nutricional.

Cozinhar e alimentarmo-nos em família não pode ser feito à pressa, em esforço. Deve ser natural, prazeroso, em familiar. Temos de apostar muito em ensinar aos nossos filhos que saber alimentarmo-nos de forma saudável e prazerosa é realmente o caminho, para que se tornem adultos saudáveis.

E porque é que eu insisto tanto nisto? Porque a alimentação é o principal na nossa vida. Alimentamo-nos mal não somos eficientes, não somos saudáveis, somos pessoas doentes!

Como é que identificamos a variedade na alimentação dos nossos filhos?

  • Se num mês a família não consumiu 40 a 60 ingredientes com nomes diferentes, então não há variedade suficiente.

Entre as espécies de plantas e verduras disponíveis para comer há mais de 3000 diferentes.

Não há como não variar! E nós precisamos de muita variedade, quer pelo paladar, mas principalmente pela nutrição.

  • Alimentos vazios nunca mais de uma vez por semana. Alimentos que são hidratos de carbono, como as batatas, arroz, aveia, pão.

Qual é o impacto da seletividade na imunidade e na saúde da criança?

  • Sem nutrição o corpo fica sobrecarregado, o combustível não tem qualidade e as células não se renovam corretamente, não havendo saúde, mas sim doença.
  • As bactérias endógenas do microbioma são o exército do corpo. Lutam contra as bactérias e vírus oportunistas que causam a doença. Se alimentamos as que causam doença no organismo, o seu exército enfraquece e fortalece as que causam doença e inflamação, no intestino, que é onde principalmente se forma a doença.

Como podemos mudar tudo isto?

O primeiro passo é a regra dos três dias: se conseguires que o teu filho apenas consuma bons vegetais e verduras, carne e peixe, por três dias, vais conseguir matar as bactérias patogénicas que vivem no intestino. vais esfomeá-las. Deixam de enviar impulsos ao cérebro para que a criança peça comidas vazias e esta vai começar a aceitar uma maior seleção de alimentos;

A fruta está no limite, e deve ser dada depois de serem esfomeadas as bactérias, isto porque o seu doce ainda alimenta algumas.

E o segundo passo é não desistir, não voltar atrás, não dar qualquer coisa penas para o teu filho comer e seguir em frente.

Torna tudo divertido, para que o teu filho siga nessa alimentação e não desista. Nem que seja, dançar com as cenouras! Ok?

Sabias que o nosso microbioma dita o nosso paladar?

Não é só no cérebro a mudança, mas também, no paladar. Este muda tanto que a nossa criança começa a gostar de coisas que nunca antes tinha gostado.

Como preparar os alimentos de forma infalível para as crianças?

Todas as crianças gostam do efeito crocante nos alimentos. Colocar os legumes, cortados em palitos, no forno com algum tipo de gordura, azeite ou manteiga, para que fiquem crocantes. Uns chips de abóbora, por exemplo. E para aumentar esta crocância envolvê-los em farinha de linhaça, também resulta muito bem. Se tiveres desidratador também funciona muito bem.

Depois os fermentados, que muitos ficam crocantes e as crianças adoram avinagrados. Outro que é dois em um.

Molhos para mergulhar uns vegetais. Por exemplo uma manteiga com ervas, manteiga com alho, um Aioli, enfim a imaginação é o limite.

Um dos pilares da Imunidade Guerreira é a alimentação instintiva, e isto que te escrevo hoje, é apenas uma pequenina pate deste maravilhoso mundo da alimentação e algumas das ferramentas que lá eu ensino.

O que é uma alimentação instintiva?

Ao aplicares este protocolo o teu filho volta às origens, volta-se para o seu instinto. Que é o expectável.

Ou seja, deve ser capaz de ingerir um alimento e perceber pelo seu corpo se ele lhe faz bem ou mal, imediatamente.

Como o microbioma está inflamado não é possível que isso aconteça de forma imediata.

E a alimentação instintiva é tudo isto:

  • Desintoxicar;
  • Alimentar de forma saudável para que o seu exército que boas bactérias esteja ativo;
  • Aprender a nutri o corpo reeducando sobre a alimentação;
  • E resgatar o seu instinto para saber exatamente o que comem e se faz bem ou mal.

Isto sim, é um dever nosso enquanto mães, para criarmos crianças saudáveis para mais tarde serem adultos com uma Imunidade Guerreira.